Glaucoma

O glaucoma é conhecido como doença traiçoeira, que ataca seu portador de forma silenciosa, sem apresentar sinais. No entanto, há um tipo de glaucoma que emite alertas, sim. É o glaucoma agudo ou fechamento angular primário. “O olho humano possui fluídos que circulam no globo ocular. Quando há uma produção de fluído maior do que a capacidade de escoamento, temos o glaucoma de ângulo aberto, o mais comum, presente em quase 50% dos casos. No entanto, quando a produção está normal e a capacidade de escoamento é reduzida, temos o quadro de glaucoma de ângulo fechado, ou agudo, que normalmente emite uma série de sinais”, explica o especialista em glaucoma do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), oftalmologista Juscelino de Oliveira.


O Glaucoma, ou neuropatia óptica glaucomatosa, é resultado de dano no nervo óptico determinado principalmente pela pressão intra-ocular inadequada. Os diversos tipos de glaucoma representam a segunda maior causa de cegueira no mundo, sendo a maior nos casos de perda irreversível de visão.

O glaucoma de ângulo aberto, o tipo mais comum, só apresenta os primeiros sinais depois da perda de 40% a 50% da estrutura do nervo óptico. Já o glaucoma de ângulo fechado, ou agudo, descreve o médico, vem acompanhado de dor intensa nos olhos, embaçamento visual, visualização de halos coloridos ao redor das luzes, vermelhidão ocular, dor de cabeça, náuseas e vômito.

Emergência - Segundo Juscelino, as crises de glaucoma agudo podem vir de forma parcial, em ciclos transitórios, ou apresentarem-se de forma total, com o fechamento abrupto do escoamento dos fluídos oculares. “Esse rápido aumento de pressão pode ocorrer no prazo de horas e tornar-se extremamente doloroso. Os olhos ficam avermelhados e a córnea inchada e opaca. Uma crise aguda de glaucoma é uma condição de emergência oftalmológica. Se há demora em iniciar o tratamento, o paciente pode perder a visão definitivamente”, alerta o especialista.

Fatores relacionados – Em geral, a prevalência do glaucoma varia de acordo com a idade e com a raça, sendo associada a outros fatores de risco. “Indivíduos, principalmente mulheres, com idade acima de 40 anos; portadoras de diabetes, míopes, usuários de esteróide corticóide, hipertensos, que já sofreram algum trauma ocular pertencem ao grupo de risco do glaucoma. Entretanto, os fatores hereditariedade e raça são mais decisivos. Pessoas da raça negra com histórico familiar da doença tem mais chances de apresentar o glaucoma de ângulo aberto. Já os indivíduos de raça amarela ou descendentes de orientais e esquimós, estatisticamente, são vítimas mais freqüentes do glaucoma agudo”, explica Juscelino.

Curiosidade - O médico lembra ainda que há episódios curiosos que facilitam o desencadeamento das crises de glaucoma. “Sabe-se que a pupila dilata em momentos de estresse e ansiedade. Como consequência, muitas crises de glaucoma agudo podem ocorrer durante períodos de estresse. Além disso, o transitar em ambientes onde há muita diferença de luminosidade, um lugar muito claro e um muito escuro, como um cinema ou teatro, pode favorecer o aparecimento desses ataques também”

Prevenção – Tanto para o glaucoma de ângulo aberto quanto para o agudo, a prevenção é o melhor tratamento. “O glaucoma de ângulo fechado é ainda mais prevenível do que o convencional, porque pode ser facilmente diagnosticado através de um exame chamado gonioscopia. O exame consiste na verificação biomicroscópica do chamado “seio camerular”, que é a região por onde o fluído ocular escoa. Detectando-se um ângulo oclusível, ou seja, passível de desencadear o glaucoma agudo, o paciente é submetido a tratamento a laser que previne o surgimento da elevação súbita da pressão intraocular, esclarece Juscelino.

Tratamento – O procedimento indicado para tratar o glaucoma agudo é o chamado iridotomia a laser. Consiste em uma perfuração na periferia da íris que tem como objetivo permitir o tráfego do fluído ocular, quando obstruído pelo fechamento do local da drenagem (região próxima à córnea e à íris). O laser é um procedimento rápido, indolor, explica o médico do HOB. Ele diz que um colírio anti-inflamatório é prescrito por alguns dias no período pós-cirúrgico.

Em casos emergenciais, a iridotomia também é indicada, mas os cuidados são maiores, tanto no momento da crise, quanto posterior a ela. “Quando realizamos o tratamento em um paciente em crise de glaucoma agudo, a visualização das estruturas do olho são comprometidas, o que dificulta o procedimento. Além disso, a dor intensa incomoda o paciente. É mais aconselhável que o paciente seja submetido ao laser assim que diagnosticada a possibilidade de oclusão, do que esperar o surgimento de uma crise para tratar o problema”, observa o especialista do HOB.

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